A saúde mental dos enfermeiros sofreu um impacto inicial aquando do primeiro Estado de Emergência da pandemia de COVID-19.
A conclusão é de um estudo publicado na revista “Environmental Research”, que tem como primeiro autor Francisco Sampaio, docente da UFP e investigador do CINTESIS, com a participação dos também investigadores Carlos Sequeira e Laetitia Teixeira.
O estudo decorreu ao longo do primeiro Estado de Emergência em Portugal e propôs-se analisar eventuais variações na qualidade do sono dos enfermeiros e ao nível dos sintomas depressivos, de ansiedade e de stress durante o surto de COVID-19, bem como avaliar se a presença de fatores de risco potenciais influenciou esses sintomas ao longo do tempo.
Tratou-se de um estudo de coorte prospetivo, através do qual foi possível colher dados em três momentos, entre 31 de março e 4 de maio de 2020, junto dos enfermeiros que compuseram a amostra. Permitiu proceder à avaliação de fatores individuais, condições de trabalho, dinâmica familiar e atitude em relação ao COVID-19, bem como à análise da saúde mental dos enfermeiros, por meio de instrumentos de avaliação da ansiedade, sintomas depressivos e stress, além da qualidade do sono.
Os resultados permitiram identificar fatores que estão diretamente relacionados com a pandemia de COVID-19 e que foram consistentemente associados a sintomas depressivos, de ansiedade e de stress nos enfermeiros, como o medo de infetar outras pessoas e o medo de ser infetado.
Para os investigadores, embora pareça ter havido uma adaptação por parte dos enfermeiros, ao longo do tempo, ao surto de COVID-19, justifica-se a continuidade do estudo e investigação futura que permita comparar resultados em diferentes momentos e estádios de evolução da pandemia.
O artigo “Impact of COVID-19 outbreak on nurses’ mental health: A prospective cohort study” está disponível e pode ser lido aqui.